era um belo espectáculo. em certo sentido, porém, não deixava de ser desagradável, pois comecei a matutar no que viria a acontecer a todas elas quando saíssem da escola ou da faculdade. casar-se-iam com tipos ordinários, daqueles que estão sempre a dizer que fazem mil quilómetros com um único galão de gasolina. tipos que ficam chateados quando perdem um jogo de golf ou mesmo uma estúpida partida de pingue-pongue. tipos idiotas. tipos que nunca lêem livros. tipos maçadores.
(j.d. salinger - uma agulha no palheiro, 1951)
10 comentários:
e porque é que "elas" os procuram?
(porque não me convencem que são "eles" que as encontram.)
"uma agulha no palheiro".
Um que leia livros, seja inteligente, com sentido de humor, culto, confiável, boa pessoa, generoso e não seja um convencido dum narcisista.
menina da mais extasiante porcelana, porque são parvas e perdidas. por esta ordem.
(filipa)
pois, ... porque amam (ou "coisa-que-o-valha"...) e têm esperança.
(a esperança às vezes lixa muita coisa.)
Menina da mais preciosa porcelana porque as avós ensinaram as mães que ensinaram as filhas e, os homens também acham, que uma pessoa não se basta a ela própria e que tem que ter alguém ao lado para ser feliz. E saem da faculdade e "conquistam o mundo", têm amigos, viajam, pensam, são inteligentes e qdo conversam vêem-se rodeados de atenção e interesse mas o mundo está formatado e é preciso uma especial coragem para descolar dessa formatação: nada tem importância se não se tiver ao lado um tipo(a) que até nem lê livros, que é dondoca ou broeiro mas que é melhor que nada, porque entendem que nada, é estar sem companheiro(a). (39 mulheres foram mortas pelo companheiro em Portugal num ano). Há um escritor francês que não recordo o nome mas gostava de recordar que escreveu: "quem tem um grande sonho não se deve contentar-se com um sonho menor".
Se houver um(a) que leia livros, seja inteligente, com sentido de humor, culto(a), confiável, boa pessoa, generoso(a) sim existe, já conheci, quiser partilhar um pouquinho da vida até pode ser narcisista, mas só um bocadinho, não se pode levar muito a sério. O problema é levarmo-nos muito a sério quem se leva muito a sério, ofende-se ou ofende.
Há um pormenor essencial, ele ou ela pode ser quase perfeito mas tem de querer estar connosco e, nunca, fazer nada para nos magoar deliberadamente durante mais tempo que uma breve discussão.
e depois são políticos e banqueiros e gestores e fazedores de donas de casa desesperadas, umas por os terem outras por os quererem que o mundo é uma balança estupidamente desafinada
Então estou a contribuir para a afinação da balança (não a de pagamentos)
henedina, não sei se a ofendi, se o fiz de alguma forma. se o fiz, peço desculpa. a si e a todas as mulheres independentes. e a todas as dependentes das quais eu de facto não conheço a realidade. no máximo conheço algumas frases teóricas nos livros, e os números da matança. e um sussurro da solidão.
mas também lhe (e vos) digo que um homem para ser amado e bem, e para amar e bem, não tem que ler livros. gosto das mãos sujas do Tomás (http://books.google.pt/books?ei=B4TzTMzSDMjpOdusnb8K&ct=result&id=UpEIAQAAIAAJ&dq=apari%C3%A7%C3%A3o%2C+verg%C3%ADlio+ferreira&q=tom%C3%A1s).
Não, tem de "ser".
Mas eu prefiro que "sejam"...e leiam livros.
E não, não me ofendeu, eu não me levo demasiado a sério.
Conseguem magoar-me facilmente (basta eu gostar da pessoa) mas dificilmente me "ofendem".
E nem uma coisa nem outra ocorreu no seu caso. Eu é que sou demasiado enfática.
esta caixa de comentários ganhou o prémio de maior nº de sinapses por cm2 de ecran : )
(filipa)
Enviar um comentário