sexta-feira, 15 de junho de 2012




quando o dia entardeceu
e o teu corpo tocou
num recanto do meu
uma dança acordou
e o sol apareceu
de gigante ficou
num instante apagou
o sereno do céu

e a calma a aguardar lugar em mim
o desejo a contar segundo o fim
foi num ar que te deu
e o teu canto mudou
e o teu corpo do meu
uma trança arrancou
e o sangue arrefeceu
e o meu pé aterrou
minha voz sussurrou
o meu sonho morreu

dá-me o mar, o meu rio, minha calçada
dá-me o quarto vazio da minha casa
vou deixar-te no fio da tua fala
sobre a pele que há em mim
tu não sabes nada

quando o amor se acabou
e o meu corpo esqueceu
o caminho onde andou
nos recantos do teu
e o luar se apagou
e a noite emudeceu
o frio fundo do céu
foi descendo e ficou

mas a mágoa não mora mais em mim
já passou, desgastei
para lá do fim
é preciso partir
é o preço do amor
para voltar a viver
já nem sinto o sabor
a suor e pavor
do teu colo a ferver
do teu sangue de flor
já não quero saber

dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada
o meu barco vazio na madrugada
vou deixar-te no frio da tua fala
na vertigem da voz
quando enfim se cala.

ouvir

(márcia e jp simões - a pele que há em mim, 2011)

3 comentários:

henedina disse...

"e o sol apareceu
de gigante ficou
num instante apagou
o sereno do céu"

Mas se o céu é uma miragem o sol nada apagou
Prefiro o céu ao grande sol

prefiro a serenidade que me dá aceitar que o sol queima.

henedina disse...

Vou-te contar em grande segredo Filipa: chegou o verão.
Nem os destruidores do SNS conseguem engendrar como parar o verão.

mdp disse...

gosto muito da forma como esta muzca é cantada. a forma como ela canta as plavras. dá-me sempre a ideia de uns dedos a caminhar sobre a pele... :)
mas é trágica. como "trágicos são todos os finais."