quinta-feira, 5 de abril de 2012





um fotógrafo tira fotografias a uma louca. o fotógrafo diz que nem o melhor actor consegue ter a expressividade do rosto de uma louca. e por isso não pára. mesmo quando a louca diz não com a cabeça, não com a boca e, por fim, não com o dedo.



(gonçalo m. tavares - short movies, 2011)

1 comentário:

menina de porcelana disse...

vale uma imagem todos os não-ditos? esta questão dos limites das coisas.

(nunca mais me esqueci, uma vez, para os lados do Gerês, no Portugal profundo e não vendido às tecnologias, eu a tirar fotos num pequeno lugar, pitoresco. a tirara fotos a tudo quanto movia. então, sem pessoa, uma voz gritou às galinhas. viam-se as galinhas, mas não a pessoa. passados alguns minutos, a senhora expressou-se: não queria fotos. que os turistas tiravam fotos a tudo, à casa, à pessoa. que não queria fotos. engoli e calei. nós e as manias de tirar fotos às cioisas pitorescas, como se fossem objectos.)